sábado, 17 de outubro de 2009

Doença Falciforme: "Todos devem conhecer"

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Assembleia Legislativa abre espaço para discutir doença que atinge anualmente 3500 nascidos no Brasil. Atendimento médico específico e de qualidade é fundamental para saúde dos falcêmicos

Depois das câmaras municipais da Serra e de Vitória, foi a vez de a Assembleia Legislativa do Espírito Santo promover um debate acerca da Anemia Falciforme, no dia 24 de setembro. Colocando a informação como a principal arma no enfrentamento da doença, o tema escolhido para a audiência pública não poderia ser mais oportuno, “Doença Falciforme: todos devem conhecer”.
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Público conheceu melhor a anemia falciforme e
também os desafios para um tratamento ideal


A audiência foi uma iniciativa do deputado estadual Givaldo Vieira (PT), em parceria com a Associação dos Portadores de Anemia Falciforme do Espírito Santo (Afes) e o mandato do vereador da Serra Prof. Roberto Carlos (PT). A convidada especial foi Joice Brandão, coordenadora da Equipe de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e Outras Hemoglobinopatias, do Ministério da Saúde. Ela trouxe ao conhecimento do público a “Política Nacional de Atenção Integral ao Portador da Anemia Falciforme”.

Da esquerda para direita: Joice Brandão, dep. Givaldo,
sec. Luiz Carlos Reblin e ver. Roberto Carlos


A meta dessa política, segundo a Portaria Nº 1.391, do Ministério da Saúde, é: “Mudar a história natural da doença no Brasil, promovendo longevidade com qualidade de vida, orientar as pessoas com o traço e informar toda a sociedade”.

Mapa da doença no Brasil e no ES

Em sua fala, Joice traçou um mapa da doença em todo o Brasil. Ela mostrou, por exemplo, que no país nascem, por ano, cerca de 3500 crianças com a anemia falciforme, ou uma em cada mil nascidos. No Espírito Santo, a proporção é de uma criança nascida com a doença por cada grupo de 1800 nascidos vivos. São 200 mil crianças que nascem com o traço falciforme por ano no Brasil, enquanto no ES a proporção é de uma para cada 18 nascidos.


Saúde garante vida aos falcêmicos

O acesso à saúde e a um tratamento de qualidade faz muita diferença para os falcêmicos e é determinante para garantir sua vida. Prova disso é que o índice de mortalidade de crianças com doença falciforme é de 80% quando não se tem acesso à saúde. Com isso, a vida média não passa dos 8 anos de idade. Ao contrário, quando os cuidados médicos são garantidos, a expectativa de vida do falcêmico chega aos 45 anos, com um índice de mortalidade de 1,8% apenas.

O papel do SUS e a falta de políticas públicas no ES

A representante do Ministério da Saúde destacou ainda o relevante trabalho do Sistema Único de Saúde (SUS) com relação à doença falciforme e de sua importância enquanto política pública de Estado com foco no tratamento e na informação.

Joice reforçou que o SUS está pronto para atender os falcêmicos em diversos casos, e que não existe “caso inviável”. Por outro lado, cobrou das autoridades de saúde capixabas avanços para o tratamento dos falcêmicos. “É a quinta vez que venho ao Espírito Santo, porém, em nível estadual, não houve progresso. É necessário um encontro para se discutir uma política nacional sobre anemia falciforme”.

É necessário um hospital de referência

Autoridades e público que participaram da audiência também cobraram políticas públicas mais efetivas em âmbito estadual no tratamento da doença, além de mais informação à sociedade, já que a falta de conhecimento impede um tratamento ideal da doença e pode gerar ainda mais sofrimento.

E uma das ações lembradas foi a construção de um centro de
referência para os falcêmicos, como destacou a presidente da
Associação dos Portadores de Anemia Falciforme do Espírito Santo (Afes), Vandete Ramos (foto ALES). Segundo ela, a falta de um espaço para atendimento médico específico aos falcêmicos no estado faz com que eles percam o rumo na hora de buscar ajuda médica, indo de um hospital ao outro sem conseguir atendimento.

A audiência pública na Assembleia Legislativa contou ainda as presenças da médica hematologista Cecília Maria Figueira, do deputado estadual Rodrigo Chamoun (PSB), dos vereadores Roberto Carlos (Serra) e Juarez Gonçalves (Vitória) e do secretário de Saúde de Vitória Luiz Carlos Reblin.

Saiba mais sobre o que foi debatido na audiência pública “Doença Falciforme: Todos devem conhecer”. Acesse:
Faltam hospitais de referência para doença falciforme no ES